quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Stairway to Heaven

Ele está de saco cheio.

Saco cheio da cidade, da fumaça, do calor, dos ônibus lotados, da rotina, da escola, do dinheiro, das desgraças, injustiças, esmolas, escândalos e de todo o tipo de sacanagem.

Ele tenta ver entre toda essa gente o que restou da vida. Não da existência, mas da vida. Colegas, amigos que não enxergam-no, e que ele também não enxerga. Muita gente querendo amar com pedras nas mãos.

Caco de vidro...

Algemas e correntes pesam...e ele também é hipócrita.

Mas é assim mesmo, como todo mundo é assim mesmo. Sonhos são assim mesmo, pesadelos são assim mesmo, a vida é assim mesmo, o amor é assim mesmo, o tempo é assim mesmo. E Dizem que com o tempo ele cresce, e não tem jeito, vai ficando assim mesmo, por ali mesmo, na mesma casa, na mesma rua, trabalhando do mesmo jeito. Arriando o mesmo pano da jangada, com o nome dele, que seu mesmo amor pintou.

E vai agindo assim. Escolhendo pela manhã qual máscara usará no resto do dia. Talhando em cada uma o nome de cada pessoa, para que não haja erros.

Mas vira e mexe ainda olha para o céu. Lá onde essa imensa mistura de concreto asfalto gente podridão disfarce fantasia fútil ainda não chegou. Lá do alto ele poderia ver tudo e todos como realmente são. O mundo bem grande. Bem grande como nunca viu.

Quem sabe ele precise mesmo é de uma escada...


A Stairway to Heaven...