segunda-feira, 30 de março de 2009

A Prece



. . O fio incandescente de tungstênio mal permite que se notem os rostos. Lampadinhas emitem uma espécie de meia luz feia, murcha, pobre. Faz muito calor. Calor úmido que com o tempo cozinhou a pintura ordinária da parede, abriu-a como uma cortina, revelando o reboco mofado. Ventiladores barulhentos no teto sopram ar quente na freguesia. São homens exaustos, pálidos, tristes. Pecadores chorosos e arrependidos, como que de joelhos, em prece, diante da única santa capaz de anestesiar os sentidos, atenuar a dor.

Misericordiosa Cachaça.

O balcão, o balconista bigodudo, a alquimia alcoólica engarrafada nas prateleiras. Uma farmácia onde a cada copo, quando os deuses já não ouvem, não vêem e não mandam sinais, a vida vai sendo remediada.

No fim da semana

no fim do mês

no fim.




Agradecimentos a Thiago Castor, que ilustrou essa postagem. É muito bacana ver um texto meu sendo interpretado através do seu traço!
Agradecimentos também a todos que visitam esse blog. Voltem sempre!

sexta-feira, 20 de março de 2009

Sinestesia

Quero meus 5 sentidos à todo vapor.

O horizonte,
O perfume
O som
O beijo
o sabor

domingo, 15 de março de 2009



"Música"

"Mú...si...ca"

Como pode caber tanta coisa coisa dentro de uma palavra?

A Gota




Sempre quando chove, gosto de ir pra varanda pensar em qualquer coisa. Vejo as gotas despencando das telhas até o rápido mergulho na poça de água.

Aí então matuto com meus botões: A gota d'água nasce das nuvens, e só existe enquanto voa, até cair na poça, onde já não é mais gota.

E as vezes eu acho isso tudo muito parecido com a vida.




Obs: Escrevi esse texto em março e só hoje fui encontrá-lo perdido aqui nos arquivos do blog. Nem me lembrava mais!