. . O fio incandescente de tungstênio mal permite que se notem os rostos. Lampadinhas emitem uma espécie de meia luz feia, murcha, pobre. Faz muito calor. Calor úmido que com o tempo cozinhou a pintura ordinária da parede, abriu-a como uma cortina, revelando o reboco mofado. Ventiladores barulhentos no teto sopram ar quente na freguesia. São homens exaustos, pálidos, tristes. Pecadores chorosos e arrependidos, como que de joelhos, em prece, diante da única santa capaz de anestesiar os sentidos, atenuar a dor.
Misericordiosa Cachaça.
O balcão, o balconista bigodudo, a alquimia alcoólica engarrafada nas prateleiras. Uma farmácia onde a cada copo, quando os deuses já não ouvem, não vêem e não mandam sinais, a vida vai sendo remediada.
No fim da semana
no fim do mês
no fim.
Agradecimentos a Thiago Castor, que ilustrou essa postagem. É muito bacana ver um texto meu sendo interpretado através do seu traço!
Agradecimentos também a todos que visitam esse blog. Voltem sempre!