domingo, 1 de julho de 2007

Aqui de minha janela, dá pra ver o mundo queimar

Ontem, sábado, de última hora, eu e meu irmão conseguimos uma carona para o Festival de Inverno de Chapada dos Guimarães, a 60 km de Cuiabá. Estávamos indo curtir o show do Ed Motta, carinhosamente chamado de "gordão sobrinho do Tim Maia" pelos espectadores.

Ocorreu que de passagem por uma das pracinhas da cidade, avistamos um enorme telão, onde estava sendo projetado um documentário sobre a ocupação da amazônia. De iníco, paramos em pé, apenas para uma conferidinha rápida, mas nos empolgamos com as histórias que eram contadas pelos entrevistados e decidimos assistir até o fim.

Tratava-se de relatos de trabalhadores rurais e seus filhos, que tentaram ganhar a vida acreditando nas promessas de evolução e prosperidade, moldadas pelo então presidente ditador Emílio Garrastazu Médici, que a construção da rodovia transamazônica traria.

Dizia ele que a nossa grande floresta era o céu, o paraíso, e estava destinada aos pobres do nordeste que não possuíam nem meio palmo de chão.

Aqueles, homens, mulheres e crianças miseráveis, esfomeados e analfabetos migragram rumo à terra prometida.

Ao chegar, a surpresa...
Nem evolução, nem prosperidade, nem estrada. Nada. Apenas mentira. Pesadelo travestido de sonho.

O trabalho escravo massacrou aquele povo.

Foi um filme sobre poder, lama e sangue, que acabou ficando por um tempo dentro da minha cabeça. Me fez pensar no sentido que havia em estar ali, me divertindo num festival, assistindo a um show do "gordão sobrinho do Tim Maia" que diz não gostar do meu país, em meio a uma juventude alternativa que quer ser diferente e mudar o mundo à base de sexo, drogas e rock n' roll, enquanto o mundo explode. Enquanto tem gente de carne, osso e coração, como eu, como você, sendo assassinada por sonhar demais, por acreditar, por ter fé.

E me dizem na escola, na televisão, na roda de amigos: Carpe Diem! Aproveite a vida porque ela é curta!

Não. Eu me sentiria frustrado por ter entrado nesse mundo pra me divertir e deixá-lo ainda mais cinza que antes para os meus filhos, e os filhos dos filhos dos meus filhos.

Todos adoramos rir, dançar, e nos divertir. Mas isso é entre nossos amigos...felizes e bem nascidos como somos .

Agora rir, dançar e se divertir, pra depois cruzar os braços em meio a tanta desgraça...me desculpe, mas não temos esse direito.

16 comentários:

Anne M. Moor disse...

Não Lucas, não temos não. Mas tu já estás no caminho de fazer o teu quinhão para este nosso país. Continua assim que vais longe e muitas pessoas te agradecerão.
Beijão e parabéns pelo texto.

Anônimo disse...

Parabéns pelo carater...
Tao lindo quanto a carinha.
E o proximo ensaio da banda eu quero ver...
Bjo
Lú.

Walmir Lima disse...

Fico feliz ao ver que um jovem brasileiro, pelo menos, quer exercer sua cidadania.
É assim que vamos mudar esse mundo: através do intelecto dos bons cidadãos, através da cultura - nossa maior arma - que os governos das últimas décadas quiseram anular, boicotando as verbas e as diretrizes da nossa educação. Jovem, não permita! Mas lembre-se: nossa maior e melhor arma é intelecto e sua mais munição é o verbo. E você, Lucas, revela que a sua é uma arma poderosíssima. Use-a com inteligência e a consciência de bom brasileiro! Esse é o caminho. Só assim vamos conseguir.

Walmir Lima disse...

Mas não se esqueça de ser jovem. Ir a shows, fazer e ouvir boa música também faz parte do nosso enriquecimento.

Walmir Lima disse...

...e a sua mais forte munição é o verbo...

Anônimo disse...

Menino, tu tem o sol dentro de você...(nao só na lage)
Vai ver que é por isso que é tão morenão e tão lindão...(rss)
Tomou conta do pedaço...
Sou fã viu...
Lú.

Lucas Ninno disse...

Obrigado pelos comentários!

é isso ai walmir, e é com a música que eu quero soltar o verbo!

só to precisando de companheiros pra fazer isso comigo agora!

Ah! Eu não deixo de me divertir não! O que eu quis dizer é que não podemos deixar tanta gente de fora da festa. Não podemos estar indeferentes a tudo isso.

Abraços a todos!

Jorge Lemos disse...

Visão oportuna e justa para um jovem.
A história está repleta de grandes erros pela falta de um projeto que leve continuidade a projetos que elevem o homem. Todos somos vitimas; quer de promessas não cumpridas ou pela ganância desenfreada e corrupta daqueles
em que acreditamos e elevamos ao poder.
Vejo Vc, Lucas, como o jovem Jorge
que nos idos de 1944/45/46 lutava contra a ditadura Vargas. O ideal de Liberdade passou como apenas um sonho... pois sangue, suor e lagrimas vertidas por tantos anônimos só serviram para conduzir,
a cada eleição que se diz democrática, aos exageros e trambiques que hoje testemunhamos.
Não perdi ainda a esperança aos chegar a casa do 80 anos.
Um dia, com espiritos como o seu,
as coisas poderão mudar, para melhor.
Jorge

Jorge Lemos disse...

Filho,
dê-me a mão e vamos apagar o fogo que queima lá fora.

Karen Costa disse...

O País e o mundo estão precisando de pessoas como você. Que tenham tanto consciência, quanto iniciativa. Acho que como a maioria das pessoas, existe em mim um espirito consciente, mas falta iniciativa, atitude. Não serei hipócrita ao ponto de reclamar de certas atitudes da população em geral e não fazer minha parte. Extremamente orgulhosa de você.
Beijo.

Anônimo disse...

Oi Lucas!
É ótimo saber que vc fez um blog, e está proliferando nele todo esse 'sentimento de mundo' que tu tens! Tenho muuuuuuito orhulho de vc!

PS: adorei o nome, a gente que te conhece um 'poquitinho' sabe que o sol tem vários significados...

bejoka
;)

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Apenas a iniciativa de parar no meio do caminho rumo á um show para assistir o documentário já é louvável. Quantos fariam isso? Eu sinceramente não sei se assim agiria. Mas a reflexão crítica a cerca dos problemas da sociedade, dos imensos problemas que essas pessoas enfrentam, das imensas dificuldades que elas passam, das mais variadas formas de exploração e de descriminação que elas sofrem é de uma importância enorme para a real situação de nosso povo, de nossa gente, de nós mesmos que muitas vezes pleiteamos questionamentos infundados a cerca de nossas condições mas não conhecemos a realidade triste, lamentável e sofredora de muita gente.
Parabéns Lucas pelo real pensamento de cidadão que tú exerces, pensamento esse sensível a causa de todos.

Anônimo disse...

Apenas a iniciativa de parar no meio do caminho rumo á um show para assistir o documentário já é louvável. Quantos fariam isso? Eu sinceramente não sei se assim agiria. Mas a reflexão crítica a cerca dos problemas da sociedade, dos imensos problemas que essas pessoas enfrentam, das imensas dificuldades que elas passam, das mais variadas formas de exploração e de descriminação que elas sofrem é de uma importância enorme para a real situação de nosso povo, de nossa gente, de nós mesmos que muitas vezes pleiteamos questionamentos infundados a cerca de nossas condições mas não conhecemos a realidade triste, lamentável e sofredora de muita gente.
Parabéns Lucas pelo real pensamento de cidadão que tú exerces, pensamento esse sensível a causa de todos.

Anônimo disse...

Apenas a iniciativa de parar no meio do caminho rumo á um show para assistir o documentário já é louvável. Quantos fariam isso? Eu sinceramente não sei se assim agiria. Mas a reflexão crítica a cerca dos problemas da sociedade, dos imensos problemas que essas pessoas enfrentam, das imensas dificuldades que elas passam, das mais variadas formas de exploração e de descriminação que elas sofrem é de uma importância enorme para a real situação de nosso povo, de nossa gente, de nós mesmos que muitas vezes pleiteamos questionamentos infundados a cerca de nossas condições mas não conhecemos a realidade triste, lamentável e sofredora de muita gente.
Parabéns Lucas pelo real pensamento de cidadão que tú exerces, pensamento esse sensível a causa de todos.

Anônimo disse...

Apenas a iniciativa de parar no meio do caminho rumo á um show para assistir o documentário já é louvável. Quantos fariam isso? Eu sinceramente não sei se assim agiria. Mas a reflexão crítica a cerca dos problemas da sociedade, dos imensos problemas que essas pessoas enfrentam, das imensas dificuldades que elas passam, das mais variadas formas de exploração e de descriminação que elas sofrem é de uma importância enorme para a real situação de nosso povo, de nossa gente, de nós mesmos que muitas vezes pleiteamos questionamentos infundados a cerca de nossas condições mas não conhecemos a realidade triste, lamentável e sofredora de muita gente.
Parabéns Lucas pelo real pensamento de cidadão que tú exerces, pensamento esse sensível a causa de todos.