Era aquele sol bonito do fim da tarde. Amarelo, aconchegante. O velho agora descansava. Quanto tempo tinha tudo isso mesmo? Ninguém nunca soube. Ninguém nunca saberá.
Era um moço diferente. Tinha alma de poeta, jeitão de vagabundo. Sempre mirando o alto, o céu imenso, o futuro tão míope.
Era meio maníaco, sistemático, daí surgiu a sua principal característica, sua peculiaridade: uma flor para cada amor.
A primeira ele plantou aos 15, num fim de tarde como esse de agora. Cresceu meio torta, mas com cores vivas. Brilho de novidade.
A segunda veio um bom tempo depois, era como a continuação daquilo que não foi. Experiência. Vários tombos, espinhos e cicatrizes. Mas ainda perfumada de beleza. Cedeu a muda para a terceira.
Veio voando devagar, junto com os ventos de junho. Aterrissou na terra preta, de mansinho, sem que o moço já não tão moço percebesse. Foi ficando, e ficando, e crescendo, e crescendo. Não tinha as mais belas cores, mas o melhor perfume. Tinha a magia de se multiplicar, e fazer brotar sorrisos e abraços. Sempre.
Três. Somente três. E precisava mais? Que sorte! De tantas estrelas no céu, haviam três na terra, ali mesmo no seu quintal.
Um jardim de lembranças, que ele prometeu cuidar até o final. Cresceu tanto que tomou conta de tudo. O céu, o quintal, a casa, os sonhos, a vida. E envolveu o velho. Até esta tarde de sol amarelo, aconchegante, onde finalmente descansa.
Quanto valeu mesmo tudo isso?
Ninguém nunca soube. Ninguém nunca saberá...
segunda-feira, 28 de abril de 2008
O Velho e o Jardim
Postado por Lucas Ninno às 22:45 5 comentários - deixe aqui o seu
segunda-feira, 14 de abril de 2008
A Chegada da Frente Fria
Hoje o frio chegou por aqui. O céu fechou e aquele sol escaldante que costuma brilhar em Cuiabá deu uma trégua. Quem diria, nessa cidade-brasa onde eu vivo também existem dias de baixa temperatura.
E agora vem aquela sensação de calma, de "sim, está tudo bem". E é sobre isso que falam estes versos...
Um final de tarde
um vinho forte
pra celebrar
a chegada da frente fria
Quando a luz se apaga
e a gente dorme
até esquece que a pouco
a casa era tão vazia
Ela apareceu no viés
na contramão dos meus planos
tão banais
Joguei fora os mapas
os vícios, os enganos
As ondas quebram
quando a lua cheia levanta a maré
Já não me cabem
aqueles casacos velhos
que nunca me esquentaram
quando o frio parecia até matar
Venha,
chegue mais perto
Dance,
que o céu agora está aberto...
Postado por Lucas Ninno às 17:37 5 comentários - deixe aqui o seu