terça-feira, 25 de agosto de 2009

Um Retrato.


















Dessa vez eles se superaram. As flores amarelas forravam a calçada e um pedaço do asfalto, cobrindo os carros que estavam estacionados perto do meio fio. Os ipes, nesta tarde de domingo, pareciam buques gigantes! Como as melhores coisas da vida, eles aparecem nas épocas mais áridas e secas, só para encher nossos olhos e lembrar-nos que a beleza existe.

Nunca gostei de domingos, desde criança. Achava uma chatice acordar, almoçar, dormir vendo futebol e ir à missa obrigado no fim do dia. Tudo fechado, ninguém nas ruas, aquele marasmo de velho oeste. Mas esse foi diferente. O tempo passa e a gente vai descobrindo que essa história de simplicidade nao é lorota dos nossos avós. Parece besta: sair de tarde para tirar umas fotos no campus da universidade, lugar onde estou todo santo dia, onde penso que já vi tudo que tinha pra ver. Os ciclistas pedalandos suas bicicletas, as crianças soltando pipas, comendo pipoca e apontando os bichos no zoológico. A gente tirando fotos. Parece banal. Parece!

Mas essas coisas, aparentemente banais, sao como amores e ipes. Estao sempre ali, esperando que nossos olhos percebam, aguardando a chance de se eternizar em nosso retrato. Basta notar.

Se os domingos fossem sempre assim, eu trocaria a minha TV por um retrato de um ipe.


Foto de Cecília

(Obs: Estou sem o acento circunflexo!)

8 comentários:

Unknown disse...

ipe e estrela cadente. ~
tambem nao gosto dos domingos, mas esse foi especial! ;)

Lina Faria disse...

Pena serem tão fugazes, os ipês.
Gostei muito do seu blog.
bjs, lina

Ernesto Dias Jr. disse...

E eu quer pensei que a nova ortografia havia mutilado também os ipês...

Camila Zaleski disse...

Adoorei a foto e o texto! :*

Maurício Mota disse...

eshueshueshues
Domingos realmente podem
ser muito bons!

Estou indo bastante lah! desenhar!

Mto bom o texto cara!

Moriço

Cec'ilia disse...

"Tivera que promover trinta e duas guerras, e tivera que violar todos os seus pactos com a morte e fucar como um porco na estrumeira da gl'oria, para descobrir com quase quarenta anos de idade os privil'egios da simplicidade."

ainda que voce,e eu, descobrimos antes.

Francisco Jammal disse...

Ainda que os ipês falassem, não descreveriam as tantas importâncias que os varios olhares dão para eles. Pena que poucos olhos se voltem para belezas tão simplórias, mas tão construtivas.
Imagine só, quando se descubrir a força que o matagal do terreno abandonado exerce!
Parabéns meu querido!!
Aquele abraço.

Milady Oliveira disse...

Nesse dia em que tudo parecia uma merda, tuas linhas surgem como um prêmio por tê-lo suportado.
Obrigada.