Os homens correm em seus carros. Correm pelas ruas e avenidas como o sangue escorre pelas artérias de um corpo. Os homens não sabem quem são, nem por que correm, nem para onde vão. Mas o fato é que também sou homem. E como todo homem, perdi a visão.
Acordei de um sonho estranho. Eu morava numa rua sem esquinas. Uma estreita e infinita rua sem esquinas. Caminhava como quem vai comprar o pão matinal, afogado em sono, olhos inchados, garganta amarga. Vez em quando levantava a cabeça e mirava o sol, que nascia no horizonte, onde a rua sumia.
Aquele era eu. Um andarilho vindo não sei de onde, rumo a lugar nenhum. Pelo menos era uma linda manhã. E o sol, brilhava.