domingo, 17 de janeiro de 2010

Até breve, amor.

O silêncio parecia infinito, mas dentro da minha cabeça tocava uma orquestra de buzinas e sirenes misturadas com melodias tristes. No coração, mil facas fincadas. Contava os minutos para o horário do primeiro ônibus. O tempo, para mim, nunca havia passado tão lentamente como agora. Quinze para as cinco da manhã, finalmente. Levanto-me, calço os sapatos, saio pela porta da linda casa de madeira, atravessando a varanda com o olhar congelado no portão de ferro. Sem adeus nem até breve. Não desejaria viver aquilo novamente nem em outra encarnação.

Deixei meus passos pela rua escura e deserta, rumo ao ponto de ônibus. Juntei-me a um trabalhador, que cheirava a perfume barato. A condução chegou em 15 longos minutos. Quando o motorista acelerou, alguns pingos de água se espatifaram em minha janela. Agora chovia, intensamente. Chovia, lavando as ruas naquele final de madrugada. Chovia, a água carregando a sujeira de ontem para sempre, para o ralo, o sarcófago perdido de onde nunca mais este dia deveria ser retirado. Chovia, e em meio a chuva, o céu clareava, me mostrando que o amanhã, para a minha sorte sempre vem. Cheguei em casa, tomei um banho, um copo de leite e adormeci.

Desta vez, como fazia-se necessário, dormi sem sonhar.

Um comentário:

minhapanelasempressão disse...

Com tanta sensibilidade nesse texto, eu encontro paz.
Nem preciso dizer que você esta de parabéns né?
beijo