O silêncio parecia infinito, mas dentro da minha cabeça tocava uma orquestra de buzinas e sirenes misturadas com melodias tristes. No coração, mil facas fincadas. Contava os minutos para o horário do primeiro ônibus. O tempo, para mim, nunca havia passado tão lentamente como agora. Quinze para as cinco da manhã, finalmente. Levanto-me, calço os sapatos, saio pela porta da linda casa de madeira, atravessando a varanda com o olhar congelado no portão de ferro. Sem adeus nem até breve. Não desejaria viver aquilo novamente nem em outra encarnação.
Deixei meus passos pela rua escura e deserta, rumo ao ponto de ônibus. Juntei-me a um trabalhador, que cheirava a perfume barato. A condução chegou em 15 longos minutos. Quando o motorista acelerou, alguns pingos de água se espatifaram em minha janela. Agora chovia, intensamente. Chovia, lavando as ruas naquele final de madrugada. Chovia, a água carregando a sujeira de ontem para sempre, para o ralo, o sarcófago perdido de onde nunca mais este dia deveria ser retirado. Chovia, e em meio a chuva, o céu clareava, me mostrando que o amanhã, para a minha sorte sempre vem. Cheguei em casa, tomei um banho, um copo de leite e adormeci.
Desta vez, como fazia-se necessário, dormi sem sonhar.
domingo, 17 de janeiro de 2010
Até breve, amor.
Postado por Lucas Ninno às 01:11
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Um comentário:
Com tanta sensibilidade nesse texto, eu encontro paz.
Nem preciso dizer que você esta de parabéns né?
beijo
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